Srila Bhaktivedanta Narayana Maharaja
31 de Dezembro de 1998, Murwillumbah, Austrália
Introdução
O que segue é a primeira de uma série de três palestras sob os três aspectos de Srimati Radharani. Srila Maharaja cita as seguintes referências do Sanat Kumar Samhita: Saktih samyogini kama vama saktir viyogini Hladini kirtida putri caivam radhatrayam vraji
Assim, com referência de outras escrituras, Srila Maharaja adiciona suas insondáveis realizações destes três com os três aspectos de Sri Caitanya Mahaprabhu e Seu lila em Navadvipa, Puri e Sul da Índia.
Nesta primeira palestra, ele aborda principalmente Vrisabhanu-nandini, a Radhika original, da qual as outras duas formas, ou manifestações, estão eternamente situadas, e ele brevemente descreve as outras duas. Nas duas palestras posteriores, a serem publicadas nas próximas edições, ele se concentra nestas duas manifestações dEla. Considerando Viyogini Radhika, que é a Radhika que sente a separação de Krishna após Ele ir para Mathura, Srila Maharaja partilha os detalhes de Krishna deixando Vrindavan, quebrando o coração de Nanda Maharaja em Mathura após Ele matar Kamsa; e a visita de Uddhava a Vrindavan, e testemunhando a lamentável condição de Nanda Maharaja e das gopis em seu clima de
lamentosa separação.
Na terceira palestra, Srila Maharaja concentra-se em Samyogini Radhika, esta manifestação que encontra Krsna em Kurukshetra. Ele relata o longo esperado encontro de Krsna com Mãe Yasoda, lá, bem como suas mensagens a respeito de Seu bhagavat-tattva para as gopis, em suas mentes acreditando que Ele voltaria para Vrindavan.
Àqueles que estão fazendo arcana de Radha-Krishna, no caminho de raganuga, irão para Vrindavan no coração de Goloka, e eles servirão o casal Radha-Krishna em unnatojjvala- rasa. E, àqueles que estão adorando Radha-Krishna, mas não num clima de unnatojjvala-rasa, nem sob a guia de alguma gopi, irão para Mathura ou Dvaraka e lá eles servirão Satyabhama na parte de Goloka. Satyabhama é uma manifestação de Radhika, e assim eles servirão Satyabhama e Krishna, ali. Srila Visvanatha Cakravarti Thakura gentilmente explicou todas estas verdades e um raganuga bhakta sadhaka deve conhecê-las... Vocês devem saber que em Goloka há três lugares: 1) Vrindavan, Gokula e Vraja – eles estão no mesmo nível. Depois, 2) Dvaraka e 3) Kurukshetra e outros lugares.
Há também três aspectos de Srimati Radhika. Ela é a mesma Radhika, mas seu humor é um tanto instável. Estes aspectos, são: Vrisabhanu-nandini, Radhika-viyogini e Radhika-samyogini. Quem é Vrisabhanu-nandini? Ela está sempre junto com Krishna; não há separação. Ela sente algum clima de separação quando está entrando em mana, ou quando Ela está em prema-vaicitya (sentimento de separação de Krishna sentido quando Eles estão juntos), ou quando Krishna vai pastorear as vacas – somente nestas vezes. Assim Vrisabhanu-nandini jamais sente separação, e isto é chamado nitya-lila. Isto tem a duração de uma manhã a manhã seguinte, de nisanta-lila (o fim dos passatempos da noite) para todos os outros lilas a cada período de vinte e quatro horas eles são chamados nitya-lila. Você entende? Não há naimittik-lila* neste caso. Três tipos de Dhamas. Há também três tipos de manifestações de dhama. A primeira é prakata, que é, quando o dhama e seus lilas são completamente manifestos neste mundo. A segunda é aprakata-lila sthala, o lugar de aprakata, transcendência, o mundo espiritual, onde todos os lilas estão eternamente manifestos, onde nitya-lila está sempre presente. E o terceiro é drisyaman-dhama, que é, o que nós vemos nesta terra de Vrindavan, agora. No presente momento, não podemos ver Krishna e Radha, e nós não podemos ver nenhum passatempo. Podemos, contudo, ouvir os passatempos, e então podemos entender isto; “Oh, esta é a mesma Govardhana que foi erguida por Krishna e este é o mesmo Yamuna.” Isto é chamado drisyaman, ou a visão atual do dhama.
O que é prakata dhama? Quando Krishna, aqui descende com todos os Seus associados, a própria Vraja dhama descende de Goloka Vrindavana. Ambos os dhamas são únicos e o mesmo; não há diferença. No momento da prakata-lila de Krishna, quando Ele descende e ali brinca, Yogamaya conectou esta terra com a terra transcendental dos locais dos passatempos. Neste momento, a beleza deste lugar, Vrindavan dhama, foi muito gloriosa. Todos os devotos nitya-siddhas e sadhana-siddhas, podiam ir lá e ver Radha e Krishna, e àqueles que fossem praticantes, os sadhakas, bem como àqueles em bhava avastha, podiam também ir. Mas, após alguns anos os passatempos desapareceram e não foram mais vistos por pessoas deste mundo. Somente devotos siddhas, àqueles cujo amor e afeição tem sido perfeito, podem ir para Goloka Vrindavan onde eles irão permanecer para sempre e jamais voltarão para este mundo. Esta é uma diferença.
Uma outra diferença é que embora Vrindavan neste mundo, seja o mesmo dhama transcendental, nossos olhos são encobertos com a maya material, ou em outras palavras, yogamaya encobre o dhama, e nós não podemos vê-lo com nossos olhos materiais. Por outro lado, um devoto de estágio elevado, algumas vezes tem um vislumbre desta aprakata-lila.
Nesta aprakata-lila, não há passatempo de nascimento de Krishna. Abhimanyu, o marido de Radhika, isto também não há, e não há ninguém indo e vindo de Mathura e Dvaraka. Somente abhimana, o humor ou concepção de tais passatempos estão, ali. Por exemplo, todos em Vrindavan estão sob a concepção que Yasoda deu a luz a um filho, Krishna, mas não há janma, nem nascimento, em Vrindavan; somente Nava Kisora, Natabara murti Krishna está lá, e Radhika também está, lá. Esta é a substância original em Vrindavan. Em aprakata Vrindavan há somente uma idéia de que Krishna tenha ido para Mathura e Dvaraka; ao mesmo tempo os brijabasis estão pensando: “Oh, está separação é muito ruim; nós não podemos suportar isto.” Em prakata-lila, contudo, estas concepções tem murti, forma concreta. Em aprakata lila Srimati Radhika pensa: “Eu sou casada com Abhimanyu,” mas isto é somente um clima ou concepção criada por Yogamaya. Por outro lado, aqui, em prakata lila, esta concepção toma uma forma e todos podem ver que, “Ele é o marido de Srimati Radhika.” Em outras palavras, neste prakata-dhama, em prakata-lila, todos podem ver que Yasoda está dando nascimento a Krishna. Aqui, em aprakata, embora não exista janma, todos pensam que, “Yasoda está criando uma criança e Seu nome é Krishna; Ele é Yasoda-nandana.” Eles também tem a concepção de que Krishna havia ido para Dvaraka, embora realmente Ele não tenha ido. Eles lamentam, “Oh, Krishna se foi! Ele não deveria ter ido. Estou sentindo muita separação.” Similarmente, lá não está Kamsa, somente alguma idéia dele. Os brijabasis pensam: “Oh, se Krishna for a Mathura Ele lutará com Kamsa, Caruna e Mustika.” Não existe realmente Caruna ou Mustika; somente a idéia está lá, criada por Yogamaya. Em prakata, entretanto, estas concepções tomam uma forma concreta, e elas vem a ser Caruna, Mustika, Kamsa, Jarasandha e, assim por diante.
Somente uma pessoa realizada, cujo bhajana tenha alcançado o estado de bhava, pode entender estas verdades. Estou dando somente um esboço, somente para àqueles que querem avanço, para àqueles que não tem desejos mundanos e para àqueles que estão sempre pensando em tópicos desta natureza. Estou contando todas estas coisas com a finalidade de ajudá-los. Isto chama-se associação.
Um homem que está sempre ocupado em fazer dinheiro, que deseja pratistha, que é nome, fama e todas as outras realizações mundanas, que está sempre ocupado em manter suas vida, não pode entender todos estes princípios. Sei que devotos de tão elevado nível são raros, mas ainda assim estou falando isto para que vocês possam ouvir, e no futuro vocês possam ser afortunados o suficiente para realizar este ponto.
Assim, não há diferença entre prakata e aprakata, mas nossos olhos, encobertos por mahamaya, não podem ver tais coisas. Nós não temos a concepção de aprakata-lila, somente de prakata-lila. Todos os lilas em prakata-lila, contudo estão em aprakata lila, e por conseguinte parakiya lila também está lá. A origem está ali, e ela é refletida pervertidamente aqui, neste mundo.
Três aspectos de Radhika
Eu estava explicando que Radha tem três aspectos: Como Vrisabhanu-nandini, Srimati Radhika jamais está em separação; podemos pensar em Seus passatempos como nitya-lila astaprahara. [Um prahara consiste de três horas e assim, asta ou oito praharas são vinte e quatro horas.] Podemos pensar por exemplo, como Radha está se encontrando com e servindo Krsna em nisanta-lila, ao fim da noite. Depois de nisanta-lila vem pratah lila, nos passatempos no início da manhã, e depois purvahna lila, passatempos antes do meio-dia. Neste momento Krishna está levando as vacas para o pasto e Srimati Radhika e todas as outras gopis estão olhando para Ele com Seus diferentes humores enquanto estão imóveis escondidas em vários lugares. Assim, elas se ocupam dos passatempos no Surya-kunda e outros lugares. Elas roubam a vamsi de Krishna e Ele olha aqui e acolá: “Oh, onde está Minha vamsi? Onde está Minha vamsi? Vocês a pegaram? Vocês a tem? Foi você? Oh, você a tem? Eu irei procurar e ver se Vocês a pegaram ou não!” E algumas vezes elas se ocupam em passatempos de disputas; Srimati Radhika derrota Krishna e todas as gopis a aplaudem com suas mãos. Mais tarde, quando Krishna volta para casa do pastoreio das vacas, todas as gopis estão em Javata. Elas estão olhando para Krishna e realizando aratik com o canto dos seus olhos. Em outras palavras, elas estão realizando aratik com seus grandes olhos de soslaio. Depois delas todas se ocuparem em seu sayahna-lila, no momento em que Krishna vai ordenhar as vacas após ter feito uma leve refeição à noite. Neste momento também, as gopis assistem a bela cena. Depois esta Srimati Radhika cozinha alguma coisa em Javata e envia isto para Nandagaon, onde Krishna, junto com Seu pai e todos os seus tios e amigo, toma prasadam. Seus remanescentes são enviados para Srimati Radhika, e depois, à meia noite, Eles novamente se encontram. Deste modo jamais há alguma separação; ou há somente separação quando Krishna vai pastorear as vacas ou Srimati Radhika está entrando em mana ou quando Ela experimenta prema-vaicittya.
Assim, uma Radhika está sempre com Krishna, e Ela é Vrisabhanu-nandini. Quando Krishna vai a Mathura entretanto, Ela é uma outra, Viyogini. Viyogini é realmente a mesma Radhika, mas Ela é uma manifestação. Depois, Mathura Krishna vai para Dvaraka, e esta Viyogini sente separação e lamenta-se, “Onde está Krishna?” Ela está sempre chorando no humor de separação, algumas vezes em Uddhava-kyari e algumas outras vezes em outros lugares. Mas, isto é somente em prakata-lila, não em aprakata. Em aprakata-lila há somente o abhimana de Krishna ter que partir- sem forma. Por isto é que em Goloka, nenhum Krishna deixa Vrindavan para sempre, nem por muitos anos, como cento e oito anos. Nunca. Mais exatamente, eles vêem-no como um sonho e pensam assim, “Oh, Krishna se foi.”
A terceira forma de Radhika é Samyogini Radhika. Esta é a manifestação de Radhika que deixa Vrindavan e vai para Kurukshetra para encontrar Krishna e trazê-lo de volta. Vocês devem entender que Vrsabhanu-nandini e Viyogini-Radhika nunca partem de Vrindavan. Nunca, nunca, nunca.
Da mesma maneira como Brajendra-nandana Krishna e Rohini-nandana Rama (Bala-rama) estão sempre brincando em Vindavan, nunca a deixam jamais sequer por um momento, assim esta Vrsabhanu-nandini e Viyogini também, jamais deixam Vrindavan. Samyogini-Radhika, entretanto, sentindo tão grande separação, viyoga, vai para Kurukshetra para trazer Krishna de volta para Vrindavan. Esta é a Samyogini-Radhika.
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